6.4.12

4 Anos de Pedrinho


Na madrugada de 6 de Abril de 2008, me lembro como se tivesse sido nessa madrugada, às 2h da manhã, gritava eu na sala de pré-parto, entorpecida pela dor. Xingava em oitenta línguas diferentes - naquela noite eu era poliglota, falava até em dialeto Inca. Berrava para que tirassem aquele alien de dentro de mim. A cada cinco minutos, uma enfermeira velha e caquética introduzia dois dedos em mim, sempre com o mesmo discurso:
- Ainda não está pronta... Aguente mais uns minutinhos, minha filha.
No ápice de minha dor, só queria xingá-la de filha de uma mulher da vida, queria dizer para ela tomar no meio de seu respectivo orifício circular corrugado, que se ela não tirasse aquele menino de dentro de mim em cinco minutos, eu ia fazer da vida dela um inferno.
Então, como um anjo, surgiu aquela aparição maravilhosa de uma médica de longos cabelos ruivos e olhos verdes, dizendo com sua suave voz:
- Prepare a sala de parto, ela finalmente está pronta.
Quase gritei de alegria naquele momento, mas a dor me impedia de ser feliz... Aí, a enfermeira velha e caquética me pediu docemente para subir na maca. Eu já não conseguia fechar as pernas e ela queria que eu saísse do conforto da cama de pré-parto para subir na maca com minhas próprias pernas. Com raiva, aproveitei o curto espaço de cinco segundos sem contrações e pulei sobre a maca, já me deitando. Um grito me assustou, era a enfermeira velha e caquética:
- Meu Deus, está coroando! Precisamos correr!
O que diabos era "coroando", naquele tempo eu não sabia. Acreditava que estava chegando em minha vida mais um príncipe - olha, que bonito! Naquela altura, já se passavam das 16h30 da tarde. Sim, a madrugada inteira e boa parte do dia em dor profunda.
- Força, criança! - dizia a médica-anjo.
- Criança que faz criança não é mais criança, hehe - dizia a enfermeira velha e caquética.
"Muito engraçada essa sua piada, velha malcomida, nunca tinha ouvido", pensei com desdém.
E então, em um segundo empurrei a barriga para baixo e não senti mais dor. Fechei os olhos e senti apenas um pequeno peso em mim, como se fosse um saco de 3kg e meio de grãos. Tão leve. Olhei para baixo e lá estava ele. Todo ensebado, ensanguentado, chorando "fofamente", com seus grandes olhos verde-escuros me encarando. Estava vermelho. E eu, só chorava junto, sem força nos braços para segurá-lo comigo. Mas consegui, o abracei e, sim, sem nojo algum, beijei sua cabeça de ralos e gosmentos cabelos negros e espetados.
Aquele foi o segundo momento mais feliz da minha vida. Me sentia plena. Plena e feliz, somente essas palavras me vem à mente agora.

 


2 comentários:

  1. Deb, acredito que toda a dor que você sentiu valeu a pena quando você viu o seu menino pela primeira vez, né? :)

    Imagino que ser mãe é ter o coração sempre transbordando de tanto amor.

    Muitas bençãos p/ você e para o seu príncipe.

    Beijo

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  2. Sim, Del! Poder ver o rostinho dos meus meninos é uma sensação única! Ser mãe é a emoção mais profunda que eu já pude sentir na vida ♥
    Beijos!

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