25.4.12

Complexo de Peter Pan




Altas horas da madrugada, precisamente às 2h30. Finalmente bocejo, após um longo tempo esperando o sono vir. De banho tomado e roupinha confortável, deitei-me ao lado do namorado. Às 4h30, ele me acordou pra preparar o café da manhã. Levantei e, enquanto ele tomava banho, eu fiz o café, deixei tudo prontinho.
“Que horas você foi dormir?” Perguntou enquanto comia.
“Ah, nem vi.”
“Eu vi, e eram umas 2h e pouco da manhã...”
“Então porque perguntou que horas fui dormir?” Respondi meio mal-humorada.
“Pra ter certeza, só isso, nervosinha!” Disse ele com os olhos arregalados.
Ainda sonolenta, descabelada e toda amassada, fui escovar meus dentes.
“Percebi que você não anda dormindo bem nas últimas semanas.”
“E...?” Respondi com a boca cheia de pasta de dentes.
“E... Eu acho que tem algo te preocupando... Te conheço, baixinha.” Murmurou ele enquanto bebia o café.
Terminei de escovar os dentes e sentei ao seu lado na mesa, servindo-me apenas de café com leite. Bebendo vagarosamente, suspirei.
“Esses suspiros não mentem... Qual é o problema?”
“O problema é que amanhã é o meu aniversário”
Aí comecei a filosofar, ninguém mandou dar brecha:
“A cada ano que se passa, vai ficando mais sem graça de comemorar os aniversários. A gente começa a perceber que tá ficando velha, decrépita, caquética e morrendo aos poucos. É cada ano mais nostálgico. Quando eu chegar aos meus 40 anos, não vou ter mais pique nenhum pra comemorar nada! Raciocina comigo: cada vez que aniversariamos, a gente vai chegando mais e mais perto da morte. É como uma contagem regressiva, só que sem previsão de término. Temos um prazo de validade. É estranho e, de certa forma, dói, fere, machuca. O vigor da vida vai saindo da gente a cada ano que chega e passa. Eu queria ser como Peter Pan, uma eterna criança, nunca envelhecer, estar sempre jovem, feliz... Começo a odiar aniversários quando penso nisso.”
“Então não pense.” Disse ele sorridente. “Quanto mais você pensa, com mais estresse fica e mais fios brancos aparecem. E outra: aniversários não são feitos para que a gente pense nessas coisas depreciativas. Eles são feitos como forma de comemorar nossas realizações pessoais, as coisas que conseguimos fazer até aquela data. Eles servem pra que nossos amigos comemorem nossa chegada ao mundo. Aniversários também servem como um ponto de partida para abrir novas portas e começar novos projetos. Eles servem pra uma porção de coisas boas, sua boba.” Sorriu e me abraçou. “Agora eu vou indo, tô atrasado!”
Pegou sua pasta e saiu. E eu fiquei aqui, refletindo no que me foi dito. Cheguei à conclusão de que nem tudo está perdido. Quero me olhar no espelho um dia e ser uma contadora de histórias! Ter uma história pra contar em cada ruga, em cada fio de cabelo branco, em cada vez que eu for tomar meu remédio de osteoporose...
Sorri. Começo a adorar aniversários quando penso nisso.




PS: sim, amanhã esta blogueira que vos tecla completará 21 anos de idade.

2 comentários:

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